Persona Q: Shadow of the Labyrinth
Quando anunciado, Persona Q ganhou logo interesse por reunir os personagens de Persona 3 e 4 num só RPG, dois jogos que têm recebido imensa atenção através de filmes e séries de animação, para além dos seus próprios spin-offs. O seu diferente estilo artístico causou algum impacto, mas rapidamente fez sentido devido ao 3.º elemento presente: a série Etrian Odyssey, cuja jogabilidade servem de base nesta aventura.
De um certo modo existem duas histórias, pois após escolher o protagonista acompanhamos mais de perto os personagens do seu jogo, para além do início de história diferente. Já a história principal é a mesma para os dois, mas curiosamente o nosso protagonista é silencioso, enquanto que o segundo tem todo um conjunto de diálogos, mudando o jogo a um ponto de vista mais pessoal. No geral o envolvimento dos personagens no grupo funciona perfeitamente, mesmo quando presentes personagens secundárias dos jogos originais.
O enredo desenvolve-se à medida que exploramos os labirintos, que preenchem grande parte do jogo, e tal como em Etrian Odyssey temos de os cartografar no ecrã tátil, desenhando e marcando nele elementos importantes como atalhos, pontos chave ou até mesmo FOEs, inimigos que nos derrotam em poucos turnos, mas que podemos evitar por completo. Cada labirinto segue um tema muito específico, tal como podemos encontrar em diversos festivais escolares japoneses, e estes temas não só adornam os cenários, como criam temas específicos vincados na exploração dos labirintos.
Aos poucos vão surgindo novos desafios, e a exploração é acompanhada por quebra cabeças, sejam eles através do cenário ou causados pelas ações dos FOEs. O resultado é bastante interessante, pois oferece algo mais do que apenas percorrer os vários andares para, no final do labirinto, enfrentar o boss. Esta exploração também não é constante, e regularmente damos uma pausa para descansar, vender os espólios dos monstros que nos permitem comprar novos equipamentos, ou acompanhar os diversos eventos que decorrem na escola, desenvolvendo ainda mais os personagens.
A banda sonora é o que poderíamos esperar de um autêntico Persona, mantendo o estilo bem vincando dos jogos originais, onde se destaca a música de batalha, que surge em duas versões, mudando dependendo do protagonista escolhido. O voice-acting surge também em força, mantendo as vozes originais dos personagens e surge em grande quantidade, vital para as imensas sequências entre os personagens. Estes eventos tornam a exploração dos labirintos bem mais interessantes, e equilibram o ritmo pesado e monótono que estas masmorras poderiam ter.
Curiosamente neste jogo todos os personagens são capazes de invocar vários personas diferentes (nos jogos originais apenas o protagonista o consegue), dando uma imensa flexibilidade na configuração da equipa, ideal quando queremos jogar com os nossos favoritos de ambos os jogos. Já Rei e Zen são incapazes de invocar personas, mas este duo funciona como um personagem só e as suas diversas habilidades tornam-os um par obrigatório no campo de batalha.
Há imenso para explorar no jogo, desde os vários personas para evoluir ou fundir (criando novos monstros), várias quests que nos vão sendo propostas, ao estilo Etrian Odyssey, à interação constante entre personagens. Recorrentemente temos eventos que não nos dão quaisquer recompensas, mas desenvolve bem os personagens, tornando-se uma recompensa por si só. O resultado consegue ser bastante mais do que um simples mash-up de títulos diferentes.
Persona Q é um jogo obrigatório para os fãs de ambos os títulos, pois acrescenta algo de novo aos personagens que já conhecem bastante bem. O seu ambiente único descrito como um festival, é de facto memorável, e o jogo consegue não só responder ao esperado pelos fãs de Persona, como pode cativar os que não conhecem a série, puxando pela sua curiosidade.