The Legend of Zelda: Retrospectiva [Parte 5/5]
Esta quinta e última parte desta longa retrospectiva vai abordar as incursões desta fantástica série, nas imensamente populares consolas Wii e Nintendo DS. Mas não terminaremos sem deixar um olhar atento à sua passagem pelas consolas actuais da Nintendo.
A geração Wii e DS
Em 2003, a Nintendo anunciou que se encontrava a trabalhar em um novo Zelda. Tudo apontava para que fosse uma sequela directa de Legend of Zelda: The Wind Waker, no entanto, o destino não quis que assim fosse. As vendas do jogo nos EUA não tinham sido famosas, por isso Eiji Aonuma e Shigeru Miyamoto decidiram modificar totalmente a direcção do novo Zelda. E fizeram-no não apenas no ponto de vista artístico, mas também com a introdução de novas mecânicas. Após a apresentação de um trailer na E3 de 2004, o novo Zelda, que estava escalado para sair em 2005, irá sofrer um novo precalço. Com a mais recente consola doméstica da Nintendo, a Wii, a ser posta à venda em breve, os criadores optaram por não só lançar o jogo para a GameCube, como originalmente planeado, mas também para a Wii, com título de lançamento.
Será desta forma que The Legend of Zelda: Twilight Princess será colocado à venda em Novembro de 2006 para a Wii, e em Dezembro do mesmo ano para a GameCube. Ambos os jogos são praticamente idênticos em conteúdo, embora a versão Wii seja espelhada da GameCube, além de que a versão da Wii mudava a jogabilidade e fazia uso do Wii Remote, um motion controller bastante preciso. A possibilidade de usarmos o Wii Remote e Nunchuck permitiu ao jogador dispor de um controlo nunca antes visto para Link. Éramos nós a disparar aquela seta que apontávamos ao ecrã. Agitar o comando provocava os movimentos da espada do Link e, mesmo sem serem fiéis aos do comando, davam uma sensação completamente nova.
No entanto, Twilight Princess destacou-se sobretudo pelo seu visual mais sombrio, carregado e até, atrevo-me a dizer um pouco mais "adulto". Grande parte das críticas que haviam sido feitas a The Wind Waker residiam no seu Link cartonesco. Este jogo veio mudar tudo isto e apresentou-nos, de novo, um Link adulto e com feições mais realistas. A história, que de certa forma foi buscar certos elementos a A Link to the Past e Ocarina of Time, colocava o nosso herói diante da ameaça de um mundo paralelo conhecido por Twilight Realm, que ameaça absorver a pacífica terra de Hyrule. Passando-se um século após os eventos de Ocarina e Majora (numa timeline diferente do Wind Waker), esta nova aventura traz velhos conhecidos como Ganondorf e Zelda de volta, ao mesmo tempo que introduz a astuta personagem e companheira Midna.
Mantendo grande parte do gameplay, reforçado pela nova experiência proporcionada pelo Wii Remote, esta entrada na série vai trazer consigo algumas novidades. O regresso de Epona traz consigo batalhas no seu dorso, contra inimigos mais fortes e inteligentes que nunca. O próprio Link é diferente, no sentido em que tem uma forma lupina, que por sua vez lhe permite aceder a outro tipo de habilidades. Extremamente bem sucedido junto da crítica e dos jogadores, Twilight Princess tornou-se o jogo mais vendido de sempre na série, com mais de 8,5 milhões de jogos vendidos. Teve ainda direito a um pequeno spin-off, Link's Crossbow Training, que seria lançado para a Wii em 2007 em conjunto com o periférico Zapper. O jogo não possuía uma história e limitava-se apenas a colocar a habilidade de disparo dos jogadores à prova, estilo shooting gallery.
Falando em spin-offs, 2007 marcou o lançamento europeu (2006 no Japão) de um título protagonizado por Tingle, chamado Freshly-Picked Tingle's Rosy Rupeeland, para a Nintendo DS. Esta aventura onde Tingle tentava acumular imenso dinheiro para que se pudesse transformar numa fada foi marcada por uma série de eventos e personagens super bizarros, num jogo que tinha tanto de estranho como divertido. Teria direito a uma sequela em 2009, intitulada no Japão de Irozuki Tincle no Koi no Balloon Trip (algo como "Ripening Tingle's Balloon Trip of Love"), que nunca chegaria a territórios ocidentais. Mas ainda em 2007 a Nintendo distribuiu, exclusivamente como oferta do Club Nintendo japonês, uma versão do título Balloon Fight da NES, intitulada de Tingle's Balloon Fight e que incluía um modo multijogador local. Infelizmente, a baixa popularidade do bizarro personagem no Ocidente deu poucos motivos à Nintendo para localizar estes títulos.
Foi também em 2007 que a Nintendo apresentou, também para a Nintendo DS, o primeiro Zelda em 3 dimensões. The Legend of Zelda: Phantom Hourglass foi colocado à venda em 2007 e, para além de ser o décimo quarto título da série principal, é também uma sequela directa do Wind Waker. O jogo traz de volta o vasto oceano e as viagens entre ilhas, bem como o característico design gráfico do primogénito da GameCube. Desta feita, e após a vitória sobre Ganon, ao nobre Link cabe a tarefa de resgatar a pirata Tetra das garras de um novo antagonista, Bellum.
Embora a estrutura do jogo fosse em geral semelhante à dos restantes jogos da série, o gameplay sofreu profundas alterações ao fazer uso do estilete para controlar o protagonista. A Nintendo tentava mostrar em 2007 como seria possível adaptar jogos bastante tradicionais a interfaces como ecrãs tácteis, ainda antes de conhecermos o conceito dos jogos mobile de hoje em dia. Pelo facto de ter sido feito para a DS, o jogo faz uso dos dois ecrãs, sendo o superior para mostrar o mapa (no qual era possível tomar notas) e o inferior para o jogo propriamente dito. Só nas lutas com os Bosses e em alguns puzzles é que a acção nos é mostrada em ambos os ecrãs, como forma de aumentar o nosso campo de visão. Um puzzle mítico do jogo dava um uso particularmente interessante aos ecrãs da consola, mas não se pode falar disso aqui para não estragar a surpresa a ninguém.
Produzido pela mesma equipa que nos trouxe Four Swords, Phantom Hourglass traz ainda um pequeno modo multiplayer, com algumas funcionalidades online. Criticado sobretudo pela morosidade das suas viagens de barco e por ter pouco replay value, ainda assim vai ganhar inúmeras distinções como melhor jogo portátil do ano, entre 2007 e 2008. Para além da sua versão normal, Phantom Hourglass seria vendido nos EUA juntamente com uma consola Nintendo DS lite dourada especial, com uma Triforce gravada no exterior.
Link regressaria em 2009, ainda na Nintendo DS. The Legend of Zelda: Spirit Tracks era passado séculos após os eventos de Wind Waker e Phantom Hourglass e mudava o foco da aventura da navegação em alto mar, para a condução de um comboio que atravessava um vasto território. Embora um pouco relutante com a ideia de centrar grande parte do gameplay em torno de um comboio, algo pouco característico à série, Aonuma vai dar o seu aval ao trabalho da equipa, que seguem para a frente com a tal ideia. Nesta nova aventura que usa o mesmo motor e direcção artística que o anterior título da DS, Link, juntamente com uma fantasmagórica Zelda, deve impedir o reaparecimento de um grande mal chamado Malladus.
Apoiando-se em muitas das mecânicas de Phantom Hourglass, Spirit Tracks permite ao jogador controlar um dos inimigos do jogo anterior, Phantom, bem como a princessa Zelda fantasma que toma posse da armadura. Pela primeira vez na série, Link e Zelda trabalham lado a lado. Para além disso, o jogo mantém a componente multi-player e corrige muitos dos defeitos que haviam sido apontados ao título anterior. Os europeus foram brindados com uma edição especial do jogo, que continha, como extras, uma caixa metálica com dois modelos (Link e Phantom), aquando do seu lançamento.
2011 seria um grande ano para os fãs de jogos de vídeo e de Zelda, em particular. Seria nesse ano que, celebrando os 25º aniversário da série, a Nintendo iria lançar o último Zelda para a Wii. Apelidado de The Legend of Zelda: Skyward Sword, este novo título revelava mais acerca do passado de Hyrule e da relação entre Link e Zelda. O jogo surgiu de um trabalho conjunto entre estúdios da Nintendo e colocava a acção principal de Zelda no ar. Link serve-se de um gigantesco pássaro, Loftwing, para viajar entre a terrena Hyrule e as ilhas flutuantes de Skyloft no céu.
Vageando por cenários extremamente belos e coloridos, com um estilo artístico inspirado em pinturas impressionistas, o jogador controla os golpes da Master Sword com uma enorme precisão, fruto do novo Wii MotionPlus. Cada movimento do comando reflete-se na espada e outros itens do jogo, que agora não usa o ponteiro do ecrã, permitindo controlos mais realistas para este género. Skyward Sword refina grande parte das mecânicas anteriores, mas também traz algumas novas consigo, como o conceito de stamina (que afecta o desempenho de Link). O título, que é considerado o mais "denso" dos Zeldas no que diz respeito à existência de puzzles, separou o mapa em regiões que funcionavam por si só como uma espécie de dungeons amplas e a céu aberto.
Skyward Sword chegou às lojas acompanhado de uma edição especial, que incluía um comando dourado personalizado e banda-sonora orquestrada em celebração dos 25 anos da série. Uma prequela de 32 páginas vai ser adaptada para manga, novamente pelo artista Akira Himekawa, e vai ser publicada juntamente com o livro Hyrule Historia. Este tornou-se imediatamente um best-seller, entrando diretamente para o número 1 do New York Times. De salientar ainda a existência de uma pequena webcomic, disponibilizada no site oficial do jogo, escrita e ilustrada por Jerry Holkins e Mike Krahulik, respectivamente. Talvez devido à sua fantástica história de origem para a mitologia da série, talvez devido aos seus controlos únicos, Skyward Sword conquistou o coração de muitos fãs, sendo um jogo bastante popular mesmo tendo já sido lançado no fim do ciclo de vida da Wii.
A Era Moderna
Não entrarei aqui em grandes detalhes técnicos, visto o Meus Jogos DS ter análises bastante completas acerca dos jogos seguintes, mas ainda assim irei falar de certos aspectos relevantes. Como já foi referido num capítulo anterior desta retrospectiva, a estreia da série na Nintendo 3DS deu-se com The Legend of Zelda: Ocarina of Time 3D, uma adaptação do clássico da Nintendo 64. Seria só em 2013 que um título original da série agraciaria a consola.
The Legend of Zelda: A Link Between Worlds ou, como seria conhecido no Japão, Triforce of the Gods 2, teria iniciado o desenvolvimento como um remake, mas o surgimento de novas ideias resultou em que esta se tornasse uma sequela directa ao famoso A Link to the Past. O novo título coloca-nos na pele de um novo Link, que procura proteger o reino da ameaça de Yuga. Nesta nova aventura, Link irá viajar a uma espécie de reino paralelo chamado Lorule, onde encontra a contraparte de Zelda, a princesa Hilda.
Com gráficos muito próximos de A Link to the Past, embora completamente refeitos em 3D e a tirar partido do efeito estereoscópico da consola, esta nova entrada na série traz como sua maior novidade a capacidade do protagonista em se fundir com as paredes (como se fosse uma pintura). O jogo serve-se também do Street Pass da 3DS para colocar desafios extra para os jogadores, na figura de Shadow Links que representam outros jogadores. O jogo foi muito bem recebido, imediatamente aclamado como um dos melhores da 3DS, e conseguiu a proeza de vender cerca de 2,18 milhões de unidades, a faltar pouco mais que um mês para a conclusão do ano.
Um pouco antes, em Setembro de 2013, a Nintendo havia lançado para a Wii U o anteriormente referido The Legend of Zelda: The Wind Waker HD, resultante de uma de várias experiências realizadas pela Nintendo ao imaginar como funcionariam os diversos estilos artísticos da série numa consola com gráficos de alta definição. Outra dessas experiências foi vista na impressionante tech demo de apresentação da consola, onde se podia ver um grafismo mais maduro e sombrio, inspirado em Twilight Princess. O lançamento de Wind Waker serviria como forma de entreter os fãs da série até à apresentação oficial em 2014 do primeiro título original para a consola, com lançamento previsto para 2015.
The Legend of Zelda ganharia em 2014 um novo spin-off, para a Wii U, sob a forma de Hyrule Warriors, um hack'n'slash desenvolvido pela Koei Tecmo, baseado na mecânica de Dynasty Warriors e adaptado ao universo de Zelda. Um jogo que por si só acaba por fazer uma boa retrospectiva dos personagens favoritos da série e com uma história que, embora não faça sentido, evoca a nostalgia dos fãs.
Além disso, variadas personagens e cenários da série têm marcado presença em inúmeros outros jogos lançados para a 3DS e Wii U. Para além das já referidas presenças de Zelda, Sheik, Ganondorf e dos dois Links, em Super Smash Bros., também Mario Kart 8 é gracejado com um DLC do herói lendário (equipado com o seu próprio veículo). Roupas e itens surgem nos mais diferentes jogos, desde Bayonetta e Tekken, até Animal Crossing. Até o rival de outrora da Nintendo, a mascote azul da Sega, tem um nível dedicado ao Zelda, como DLC, no interessante jogo Sonic Lost World. Há um nível em Super Mario 3D Land que faz referência àsérie e outro em Super Mario 3D World onde as plataformas imitam o sprite do Link no primeiro Zelda para a NES.
Também a nível de merchandising, há muito por onde escolher, desde action figures até temos uma edição de um dos mais famosos jogos de tabuleiro, o Monopólio. Mas as mais importantes do momento são as figuras amiibo, compatíveis com os jogos Super Smash Bros. for Wii U (e em breve também com a versão 3DS) e Hyrule Warriors, estas figuras NFC não deixam de ser excelentes colecionáveis para os fãs. E isto são apenas alguns de muitos outros exemplos.
Esperamos que tenham gostado desta retrospectiva e que tenham descoberto algumas curiosidades ou relembrado jogos favoritos, enquanto aguardamos impacientemente a chegada de The Legend of Zelda: Majora's Mask 3D! 2015 será um ano bastante interessante para os fãs, que em breve terão em mãos este aguardado remake. Mas o ponto alto do ano, e quiçá da série, será mesmo o novo título para a Wii U, o primeiro original em alta definição que pretende quebrar várias convenções da série , ao mesmo tempo que regressa às origens com um mundo completamente aberto à livre exploração. A história de Zelda continua a ser escrita neste preciso momento, enquanto a Nintendo cria o jogo mais ambicioso da série até agora.
A geração Wii e DS
Em 2003, a Nintendo anunciou que se encontrava a trabalhar em um novo Zelda. Tudo apontava para que fosse uma sequela directa de Legend of Zelda: The Wind Waker, no entanto, o destino não quis que assim fosse. As vendas do jogo nos EUA não tinham sido famosas, por isso Eiji Aonuma e Shigeru Miyamoto decidiram modificar totalmente a direcção do novo Zelda. E fizeram-no não apenas no ponto de vista artístico, mas também com a introdução de novas mecânicas. Após a apresentação de um trailer na E3 de 2004, o novo Zelda, que estava escalado para sair em 2005, irá sofrer um novo precalço. Com a mais recente consola doméstica da Nintendo, a Wii, a ser posta à venda em breve, os criadores optaram por não só lançar o jogo para a GameCube, como originalmente planeado, mas também para a Wii, com título de lançamento.
Será desta forma que The Legend of Zelda: Twilight Princess será colocado à venda em Novembro de 2006 para a Wii, e em Dezembro do mesmo ano para a GameCube. Ambos os jogos são praticamente idênticos em conteúdo, embora a versão Wii seja espelhada da GameCube, além de que a versão da Wii mudava a jogabilidade e fazia uso do Wii Remote, um motion controller bastante preciso. A possibilidade de usarmos o Wii Remote e Nunchuck permitiu ao jogador dispor de um controlo nunca antes visto para Link. Éramos nós a disparar aquela seta que apontávamos ao ecrã. Agitar o comando provocava os movimentos da espada do Link e, mesmo sem serem fiéis aos do comando, davam uma sensação completamente nova.
No entanto, Twilight Princess destacou-se sobretudo pelo seu visual mais sombrio, carregado e até, atrevo-me a dizer um pouco mais "adulto". Grande parte das críticas que haviam sido feitas a The Wind Waker residiam no seu Link cartonesco. Este jogo veio mudar tudo isto e apresentou-nos, de novo, um Link adulto e com feições mais realistas. A história, que de certa forma foi buscar certos elementos a A Link to the Past e Ocarina of Time, colocava o nosso herói diante da ameaça de um mundo paralelo conhecido por Twilight Realm, que ameaça absorver a pacífica terra de Hyrule. Passando-se um século após os eventos de Ocarina e Majora (numa timeline diferente do Wind Waker), esta nova aventura traz velhos conhecidos como Ganondorf e Zelda de volta, ao mesmo tempo que introduz a astuta personagem e companheira Midna.
Mantendo grande parte do gameplay, reforçado pela nova experiência proporcionada pelo Wii Remote, esta entrada na série vai trazer consigo algumas novidades. O regresso de Epona traz consigo batalhas no seu dorso, contra inimigos mais fortes e inteligentes que nunca. O próprio Link é diferente, no sentido em que tem uma forma lupina, que por sua vez lhe permite aceder a outro tipo de habilidades. Extremamente bem sucedido junto da crítica e dos jogadores, Twilight Princess tornou-se o jogo mais vendido de sempre na série, com mais de 8,5 milhões de jogos vendidos. Teve ainda direito a um pequeno spin-off, Link's Crossbow Training, que seria lançado para a Wii em 2007 em conjunto com o periférico Zapper. O jogo não possuía uma história e limitava-se apenas a colocar a habilidade de disparo dos jogadores à prova, estilo shooting gallery.
Falando em spin-offs, 2007 marcou o lançamento europeu (2006 no Japão) de um título protagonizado por Tingle, chamado Freshly-Picked Tingle's Rosy Rupeeland, para a Nintendo DS. Esta aventura onde Tingle tentava acumular imenso dinheiro para que se pudesse transformar numa fada foi marcada por uma série de eventos e personagens super bizarros, num jogo que tinha tanto de estranho como divertido. Teria direito a uma sequela em 2009, intitulada no Japão de Irozuki Tincle no Koi no Balloon Trip (algo como "Ripening Tingle's Balloon Trip of Love"), que nunca chegaria a territórios ocidentais. Mas ainda em 2007 a Nintendo distribuiu, exclusivamente como oferta do Club Nintendo japonês, uma versão do título Balloon Fight da NES, intitulada de Tingle's Balloon Fight e que incluía um modo multijogador local. Infelizmente, a baixa popularidade do bizarro personagem no Ocidente deu poucos motivos à Nintendo para localizar estes títulos.
Foi também em 2007 que a Nintendo apresentou, também para a Nintendo DS, o primeiro Zelda em 3 dimensões. The Legend of Zelda: Phantom Hourglass foi colocado à venda em 2007 e, para além de ser o décimo quarto título da série principal, é também uma sequela directa do Wind Waker. O jogo traz de volta o vasto oceano e as viagens entre ilhas, bem como o característico design gráfico do primogénito da GameCube. Desta feita, e após a vitória sobre Ganon, ao nobre Link cabe a tarefa de resgatar a pirata Tetra das garras de um novo antagonista, Bellum.
Embora a estrutura do jogo fosse em geral semelhante à dos restantes jogos da série, o gameplay sofreu profundas alterações ao fazer uso do estilete para controlar o protagonista. A Nintendo tentava mostrar em 2007 como seria possível adaptar jogos bastante tradicionais a interfaces como ecrãs tácteis, ainda antes de conhecermos o conceito dos jogos mobile de hoje em dia. Pelo facto de ter sido feito para a DS, o jogo faz uso dos dois ecrãs, sendo o superior para mostrar o mapa (no qual era possível tomar notas) e o inferior para o jogo propriamente dito. Só nas lutas com os Bosses e em alguns puzzles é que a acção nos é mostrada em ambos os ecrãs, como forma de aumentar o nosso campo de visão. Um puzzle mítico do jogo dava um uso particularmente interessante aos ecrãs da consola, mas não se pode falar disso aqui para não estragar a surpresa a ninguém.
Produzido pela mesma equipa que nos trouxe Four Swords, Phantom Hourglass traz ainda um pequeno modo multiplayer, com algumas funcionalidades online. Criticado sobretudo pela morosidade das suas viagens de barco e por ter pouco replay value, ainda assim vai ganhar inúmeras distinções como melhor jogo portátil do ano, entre 2007 e 2008. Para além da sua versão normal, Phantom Hourglass seria vendido nos EUA juntamente com uma consola Nintendo DS lite dourada especial, com uma Triforce gravada no exterior.
Link regressaria em 2009, ainda na Nintendo DS. The Legend of Zelda: Spirit Tracks era passado séculos após os eventos de Wind Waker e Phantom Hourglass e mudava o foco da aventura da navegação em alto mar, para a condução de um comboio que atravessava um vasto território. Embora um pouco relutante com a ideia de centrar grande parte do gameplay em torno de um comboio, algo pouco característico à série, Aonuma vai dar o seu aval ao trabalho da equipa, que seguem para a frente com a tal ideia. Nesta nova aventura que usa o mesmo motor e direcção artística que o anterior título da DS, Link, juntamente com uma fantasmagórica Zelda, deve impedir o reaparecimento de um grande mal chamado Malladus.
Apoiando-se em muitas das mecânicas de Phantom Hourglass, Spirit Tracks permite ao jogador controlar um dos inimigos do jogo anterior, Phantom, bem como a princessa Zelda fantasma que toma posse da armadura. Pela primeira vez na série, Link e Zelda trabalham lado a lado. Para além disso, o jogo mantém a componente multi-player e corrige muitos dos defeitos que haviam sido apontados ao título anterior. Os europeus foram brindados com uma edição especial do jogo, que continha, como extras, uma caixa metálica com dois modelos (Link e Phantom), aquando do seu lançamento.
2011 seria um grande ano para os fãs de jogos de vídeo e de Zelda, em particular. Seria nesse ano que, celebrando os 25º aniversário da série, a Nintendo iria lançar o último Zelda para a Wii. Apelidado de The Legend of Zelda: Skyward Sword, este novo título revelava mais acerca do passado de Hyrule e da relação entre Link e Zelda. O jogo surgiu de um trabalho conjunto entre estúdios da Nintendo e colocava a acção principal de Zelda no ar. Link serve-se de um gigantesco pássaro, Loftwing, para viajar entre a terrena Hyrule e as ilhas flutuantes de Skyloft no céu.
Vageando por cenários extremamente belos e coloridos, com um estilo artístico inspirado em pinturas impressionistas, o jogador controla os golpes da Master Sword com uma enorme precisão, fruto do novo Wii MotionPlus. Cada movimento do comando reflete-se na espada e outros itens do jogo, que agora não usa o ponteiro do ecrã, permitindo controlos mais realistas para este género. Skyward Sword refina grande parte das mecânicas anteriores, mas também traz algumas novas consigo, como o conceito de stamina (que afecta o desempenho de Link). O título, que é considerado o mais "denso" dos Zeldas no que diz respeito à existência de puzzles, separou o mapa em regiões que funcionavam por si só como uma espécie de dungeons amplas e a céu aberto.
Skyward Sword chegou às lojas acompanhado de uma edição especial, que incluía um comando dourado personalizado e banda-sonora orquestrada em celebração dos 25 anos da série. Uma prequela de 32 páginas vai ser adaptada para manga, novamente pelo artista Akira Himekawa, e vai ser publicada juntamente com o livro Hyrule Historia. Este tornou-se imediatamente um best-seller, entrando diretamente para o número 1 do New York Times. De salientar ainda a existência de uma pequena webcomic, disponibilizada no site oficial do jogo, escrita e ilustrada por Jerry Holkins e Mike Krahulik, respectivamente. Talvez devido à sua fantástica história de origem para a mitologia da série, talvez devido aos seus controlos únicos, Skyward Sword conquistou o coração de muitos fãs, sendo um jogo bastante popular mesmo tendo já sido lançado no fim do ciclo de vida da Wii.
A Era Moderna
Não entrarei aqui em grandes detalhes técnicos, visto o Meus Jogos DS ter análises bastante completas acerca dos jogos seguintes, mas ainda assim irei falar de certos aspectos relevantes. Como já foi referido num capítulo anterior desta retrospectiva, a estreia da série na Nintendo 3DS deu-se com The Legend of Zelda: Ocarina of Time 3D, uma adaptação do clássico da Nintendo 64. Seria só em 2013 que um título original da série agraciaria a consola.
The Legend of Zelda: A Link Between Worlds ou, como seria conhecido no Japão, Triforce of the Gods 2, teria iniciado o desenvolvimento como um remake, mas o surgimento de novas ideias resultou em que esta se tornasse uma sequela directa ao famoso A Link to the Past. O novo título coloca-nos na pele de um novo Link, que procura proteger o reino da ameaça de Yuga. Nesta nova aventura, Link irá viajar a uma espécie de reino paralelo chamado Lorule, onde encontra a contraparte de Zelda, a princesa Hilda.
Com gráficos muito próximos de A Link to the Past, embora completamente refeitos em 3D e a tirar partido do efeito estereoscópico da consola, esta nova entrada na série traz como sua maior novidade a capacidade do protagonista em se fundir com as paredes (como se fosse uma pintura). O jogo serve-se também do Street Pass da 3DS para colocar desafios extra para os jogadores, na figura de Shadow Links que representam outros jogadores. O jogo foi muito bem recebido, imediatamente aclamado como um dos melhores da 3DS, e conseguiu a proeza de vender cerca de 2,18 milhões de unidades, a faltar pouco mais que um mês para a conclusão do ano.
Um pouco antes, em Setembro de 2013, a Nintendo havia lançado para a Wii U o anteriormente referido The Legend of Zelda: The Wind Waker HD, resultante de uma de várias experiências realizadas pela Nintendo ao imaginar como funcionariam os diversos estilos artísticos da série numa consola com gráficos de alta definição. Outra dessas experiências foi vista na impressionante tech demo de apresentação da consola, onde se podia ver um grafismo mais maduro e sombrio, inspirado em Twilight Princess. O lançamento de Wind Waker serviria como forma de entreter os fãs da série até à apresentação oficial em 2014 do primeiro título original para a consola, com lançamento previsto para 2015.
The Legend of Zelda ganharia em 2014 um novo spin-off, para a Wii U, sob a forma de Hyrule Warriors, um hack'n'slash desenvolvido pela Koei Tecmo, baseado na mecânica de Dynasty Warriors e adaptado ao universo de Zelda. Um jogo que por si só acaba por fazer uma boa retrospectiva dos personagens favoritos da série e com uma história que, embora não faça sentido, evoca a nostalgia dos fãs.
Além disso, variadas personagens e cenários da série têm marcado presença em inúmeros outros jogos lançados para a 3DS e Wii U. Para além das já referidas presenças de Zelda, Sheik, Ganondorf e dos dois Links, em Super Smash Bros., também Mario Kart 8 é gracejado com um DLC do herói lendário (equipado com o seu próprio veículo). Roupas e itens surgem nos mais diferentes jogos, desde Bayonetta e Tekken, até Animal Crossing. Até o rival de outrora da Nintendo, a mascote azul da Sega, tem um nível dedicado ao Zelda, como DLC, no interessante jogo Sonic Lost World. Há um nível em Super Mario 3D Land que faz referência àsérie e outro em Super Mario 3D World onde as plataformas imitam o sprite do Link no primeiro Zelda para a NES.
Esperamos que tenham gostado desta retrospectiva e que tenham descoberto algumas curiosidades ou relembrado jogos favoritos, enquanto aguardamos impacientemente a chegada de The Legend of Zelda: Majora's Mask 3D! 2015 será um ano bastante interessante para os fãs, que em breve terão em mãos este aguardado remake. Mas o ponto alto do ano, e quiçá da série, será mesmo o novo título para a Wii U, o primeiro original em alta definição que pretende quebrar várias convenções da série , ao mesmo tempo que regressa às origens com um mundo completamente aberto à livre exploração. A história de Zelda continua a ser escrita neste preciso momento, enquanto a Nintendo cria o jogo mais ambicioso da série até agora.