Sands of Destruction
Uma situação a que muitos fãs de RPGs europeus estão acostumados é a verem lançamentos de jogos nos mercados japoneses e até mesmo norte-americanos que nunca chegarão ao nosso continente. Noutros tempos jogar estes títulos nunca consola caseira era quase que impossível, mas nos dias que correm importar um jogo não é assim tão complexo, muito graças a lojas online.
No catálogo vasto de jogos do género que a DS teve houve imensos que passaram despercebidos, e que embora não sejam jogos fenomenais não deixam de ser bastante interessantes, com mecânicas próprias e histórias que nos cativam. Parte da equipa de Sands of Destruction é conhecida por títulos de êxito como Xenogears e Grandia, e já há muito que trabalham dentro do género, e semelhanças com estes dois jogos são bastante notáveis neste jogo, principalmente no estilo visual, banda sonora e sistema de combate.
A história segue padrões bastante familiares: Kyrie, o protagonista, tem o poder de destruir tudo em seu redor, reduzindo tudo a cinza e areia, mas não sabe como o fazer ou porque tem esse poder. No entanto isso é extremamente útil para Morte, uma louca rapariga que deseja ver o mundo destruído, e membro de uma aliança disposta a eliminar os Ferals, criaturas antropomórficas que escravizaram os humanos. O mundo é interessante e tem um estilo artístico que nos lembra dos jogos da década de 90, que utilizavam cenários em 3D mas mantinham os sprites nas personagens. Não é algo de novo na DS mas não deixa de ser extremamente nostálgico.
O jogo tem bastante voice acting, que é bom e ajuda a desenvolver mais as personagens, sejam elas importantes ou não. Em certas alturas do jogo desbloqueamos algumas falas que podem ser usadas automaticamente nas batalhas, garantindo uma ajuda adicional. O sistema de batalha é interessante, funcionando à base de combinações de ataques que vamos desbloqueando através de pontos adquiridos no fim de cada batalha, que embora no início sejam muito limitados, à medida que os vamos desenvolvendo torna-se mais gratificante o seu uso. Infelizmente as random battles surgem demasiadas vezes, chegando mesmo a ser penosa a sua frequência.
A frequência com que enfrentamos inimigos torna-se mais grave quando exploramos zonas que mais parecem labirintos, mas no geral as zonas são interessantes, e têm por vezes enigmas para resolver para poder proseguir no jogo. Não temos muita exploração para fazer e o próprio mapa do mundo é um simples menu, o que é pena pois os cenários em si são bastante atrativos. Curiosamente foram lançadas uma série de animação tal como uma adaptação em banda desenhada no Japão, que nos oferece ainda mais sobre o universo e personagens.
Talvez não seja a melhor escolha para quem queira experimentar um pouco mais o género, mas para quem gosta do género é uma boa aposta. Não está ao nível dos jogos que a equipa já desenvolveu no passado mas enquadra-se perfeitamente no espírito dos jogos mais recentes, como os Luminous Arc que saíram também para Nintendo DS. Jogos divertidos, que levam de ânimo leve assuntos bastante dramáticos mas que não deixam de ser sérios.