Fae Farm


E porque não uma viagem para uma relaxada vila, tomar a vida de agricultor, enquanto toda uma região nos vai convidando à sua exploração? Sei que acabei de descrever o que podem ser imensos jogos, até porque o que não têm faltado são “farm simulators” uns atrás dos outros. Far Farm é uma nova aposta dentro do género, onde a vida simples da quinta vem acompanhada com muita magia, segredos e muitos habitantes para conhecer.


Uma palavra que descreve Fae Farm na perfeição é aconchegante, pois sempre que pegava no jogo para avançar um pouco mais sentia que havia sempre algo fofo ou caloroso à minha espera. Fossem pelas tarefas quotidianas de tratar da quinta, fossem pelos adoráveis animais que havia adquirido, ou pelas personagens que habitam a pequena e afável localidade de Azoria. Havia sempre algo de simpático à minha espera, que retribuía ajudando nas imensas tarefas que a população me havia encarregado durante a minha estadia. Pensei por várias vezes se não seria um jogo perfeito para pegar nos dias de grande chuva, o que podia entrar em contraste com um jogo num sítio em que não consigo deixar de pensar que são inspirados nos Açores.

As diversas tarefas que me vi encarregado ao chegar a esta misteriosa ilha não são mais que missões. Fossem de produção ou venda dos mais variados produtos que havia criado na quinta, conseguir um determinado item ou ter um determinado número de coisas´, todas elas serviam para ganhar dinheiro enquanto adquiria pontos de experiência que melhoravam a minha performance. Todas estas missões encadeavam-se, levando-me de habitante em habitante a ajudá-los com as mais variadas tarefas, enquanto aprendia sempre um pouco mais sobre eles. É uma boa comunidade, sempre disposta a ajudar enquanto nos atiravam com os mais variados pedidos, dos simples aos mais, bem… chatos. Até porque sendo um jogo de quinta podemos contar com um grande número de fetch-quests, mas algumas destas missões pareciam estar apenas lá para encher e sem grandes recompensas.


Aqui a magia também é chave, desde os mais variados itens onde até fertilizantes nos permitem obter resultados "bizarros": Mesmo a nossa personagem vai evoluindo, munida das normais ferramentas necessárias para a vida agrária e de exploração, sendo capaz de aprender diferentes habilidades à medida que progredimos no jogo. Pouco depois do início do jogo somos também equipados com um misterioso bastão mágico que nos permite enfrentar inimigos ou diferentes coisas que nos bloqueiam a progressão do jogo, até termos o item, habilidade ou magia certas para abrir caminho. Sentia muitas vezes a minha personagem a evoluir, acompanhando a progressão não só do meu cantinho na ilha, como as relações entre os diferentes membros da comunidade de Azoria.

Se estiverem habituados a jogos como Harvest Moon ou Rune Factory, este segue fielmente essa receita: acordar, lidar com as tarefas da quinta, vender itens, tratar de animais mágicos, comprar novas sementes para plantar e no tempo que nos sobra, explorar um pouco melhor a região. Não é um jogo que segue o tempo real como Animal Crossing, por exemplo, aqui os segundos passam a voar e quando damos por nós, o dia terminou e somos ameaçados pela noite ao ouvir um lobo uivar ao longe. E é um sistema de tempo que gosto bastante, mas Fae Farm fá-lo de um modo… stressante. Os segundos passam literalmente a voar e ao fim de 2 horas de jogo já sentia que não tinha tempo para tudo, até porque sou introduzido à primeira caverna onde acabaria por passar a maior parte do meu tempo, até porque ela era rica em materiais que me melhoravam o meu equipamento.


É sem dúvida o ponto que menos gostei no jogo, pois o tempo passa muito rápido e, chegando à meia noite, sou automaticamente teletransportado para o fim do dia, mesmo que estivesse a meio de um combate contra uma criatura… também não ajuda que entre as tarefas todas de quinta, quando terminava já tinha passado metade do dia e ainda tinha de concluir uma missão aqui, aceitar outra missão acolá e dirigir-me para a caverna para apanhar mais materiais. Mesmo com um sistema de teletransporte, sentia que havia sempre uma luta contra o tempo desnecessária quando é suposto ser um jogo calmo, tranquilo e sem grandes atritos. Acabava por ignorar certas coisas, como não dar diariamente comida aos animais ou não colocar artigos à venda, até porque Azoria mesmo aparentando ser bastante pequena vai-se desdobrando e apresentando novas coisas para explorar, convidando-me sempre a conhecer um pouco mais a ilha.

Mesmo as cavernas, repletas de materiais e vários monstros era um sítio que visitava com frequência, onde adquiria matéria prima para transformar em diferentes itens, necessários para criar mais itens. Até porque há imensa coisa para construir na nossa casa, desde mobília a coisas que nos permitem produzir novos itens, e há uma imensidão de diferentes itens para adquirir ou produzir. Algo que, por muitas vezes, me deixava confuso e a pensar onde raio é que ia buscar isto ou aquilo, porque precisava de um determinado item para construir um novo armário, criando toda uma cadeia de produção que deixava a fazer enquanto ia tratando de outras tarefas. Pode parecer irrelevante, tanto esforço para construir uma mesa de jantar decente, mas os diferentes objetos que vamos criando e colocando em nossa casa melhoram as nossas estatísticas, dando-nos mais vida, energia ou mana. Mana que é muito, mas muito importante, pois é ela que nos permite usar as diferentes habilidades que nos ajudam imenso nas tarefas da quinta, agilizando-as para nos dar mais tempo para lidar com todas as outras coisas que temos de fazer durante o dia.


Visualmente é um jogo bastante bonito, detalhado, onde tudo erradia cor e as personagens são todas diferentes umas das outras, ajudando imenso a saber com quem falar, com belíssimas ilustrações. Toda a ilha está cheia de pequenas surpresas que nos chamam logo à atenção e, se não for algo que podemos fazer no momento, mais tarde o jogo recorda-nos delas através de uma missão ou algo que desbloqueamos. As cavernas que visitamos com frequência são aquelas que mais pecam visualmente, não por causa dos visuais em si, mas porque há um par de diferentes layouts de andar, tornando toda a experiência repetitiva mesmo quando o nosso foco é ter materiais. Mesmo a nível de interface o jogo coloca textos em cima de menus transparentes sobre outros menus, tornando muitas vezes a leitura confusa quando queremos ver o que acabamos de apanhar. O jogo está disponível em português do Brasil, o que ajuda imenso para uma melhor compreensão do jogo por cá.

Esta é uma aventura que podemos partilhar, onde até 4 jogadores podem partir para a aventura, criar uma quinta em conjunto e enfrentar os desafios que nos esperam. É algo que não tive oportunidade de explorar durante esta análise, mas ficava curioso com o seu potencial, até porque um dos meus jogos favoritos do género é Fantasy Life, onde joguei bastante com amigos e foi uma experiência bem divertida. Ainda assim o tempo que passei com o jogo sozinho correu sempre sem grandes dificuldades, sendo um jogo bastante fácil e sempre com a missão principal bem visível para não me esquecer do que fazer a seguir.


Fae Farm é um bom jogo a explorar caso tenham saudades dos jogos do género, mas não querem jogar novamente uma das conhecidas séries que por aí andam. Também é uma experiência bastante mais direta, sem grandes complexidades e com mecânicas facilitadas, quando comparado com outros jogos do género, a troco do stress constante que é conseguir fazer tudo a tempo antes que o jogo nos teletransporte instantaneamente de volta a casa, assim que chega à meia-noite.



Nota: Análise efetuada com base em código final do jogo para a Nintendo Switch, gentilmente cedido pela Nintendo.

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