Final Fantasy IV


Após o bem recebido remake de Final Fantasy III, muitos fãs da icónica série de RPGs da Square Enix aguardavam impacientemente o lançamento deste 4º capítulo. São vários os motivos para que este seja um dos favoritos, onde as suas personagens memoráveis, uma história bastante bem concebida, algo pouco comum em 1991, e um sistema de batalha inovador são apenas alguns dos exemplos. O jogo saiu originalmente para Super Nintendo (apenas no Japão e Estados Unidos), e foram necessários 11 anos para que este jogo chegasse à Europa, na PlayStation, e poucos anos depois para GameBoy Advance, sempre sob o formato de port, com poucas alterações.


Nesta adaptação tiveram o cuidado de recriar fielmente os cenários do jogo, mas agora em 3D. A banda sonora foi também refeita e pela primeira vez as personagens têm vozes que condizem perfeitamente nelas, bastante credíveis, num voice acting muito bem desenvolvido ao nível dos mais recentes títulos da série. O desenho destas também foram actualizados para os desenhos de Yoshitaka Amano, mantendo uma coerência entre os artworks, sequências de animação e nos modelos 3D. Não tão interessante é a utilização do ecrã táctil, que embora apresente um mapa bastante útil, a sua utilização não é preferível ao uso tradicional de botões, sendo apenas um ecrã extra que melhora bastante a distribuição de informação. No entanto, a sua utilização a nível táctil surge quando obtemos Rydia e o seu Eidolon Whyt, que tem um grupo de mini jogos para subir as suas habilidades, e a sua própria cara é desenhada por nós.


O jogo começa quando Cecil, um Dark Knight de Baron questiona as acções do seu rei, este que usava o poder das Red Wings, naves que concretizavam os sonhos dos humanos de voar, mas cujo seu poder estava a ser usado para satisfazer uma ambição. A história só começa realmente assim que Cecil se torna Paladin, servindo de motivação para tentar mudar o seu reino, e por sua vez o mundo. Durante a sua aventura conta com personagens memoráveis, todas elas diferentes e com um papel importante a cumprir, sendo fácil ficar interessado nelas e criar uma ligação forte. Todo o conceito é tradicional, leva-nos aos anos 90 em que as personagens mantinham as classes típicas da série (White e Black Mage, Paladin, Dragoon, Summoner, etc), quando os barcos voavam, tínhamos meios de transporte únicos como hovercrafts e os Summons ainda eram reconhecíveis, algo que cada vez mais se encontra em extinção na série.


O sistema de batalha sofreu poucas alterações. Tal como a versão original, que introduziu o sistema ATB (Active Time Battle System), cada personagem tem uma velocidade de resposta independente das restantes. Algo único deste jogo em toda a série é a existência de 5 personagens numa equipa, contrastando principalmente com os mais recentes títulos onde contamos normalmente apenas com 3 elementos. Nesta adaptação o grau de dificuldade subiu, mas não com o propósito de ser mais difícil mas sim de tornar as batalhas mais interessantes: ao contrário do original, não são apenas um carregar constante na opção de atacar, e pedem ao jogador que use as habilidades próprias de cada personagem. Surgem também os Augments, habilidades especiais equipáveis, sejam elas de outras personagens ou até únicas, e a capacidade de organizar o menu de batalha de cada personagem (útil para servir de acesso imediato a habilidades ou até mesmo itens, sem navegar em menus).


Poderia descrever em pormenor diversos pontos da história, acontecimentos que imortalizaram as personagens do jogo, sejam heróis ou vilões, acompanhados por uma banda sonora excelente, mas é uma experiência que cada um tem de descobrir por si. Se já o jogo original é obrigatório para fãs da série e também do género em geral, esta actualização torna-o ainda mais apetecível. Mesmo que não tire proveito da Nintendo DS como um todo, não deixa de ser um dos melhores RPGs que a consola tem para oferecer, e mesmo sendo um jogo com mais de 10 anos, ainda é bastante actual.

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