Super Smash Bros. for Nintendo 3DS


Super Smash Bros. é uma das maiores franquias da Nintendo, que surpreendeu o mundo em 1999 ao juntar diversas mascotes da empresa como Mario, Link, Donkey Kong e Pikachu num só jogo de luta para a Nintendo 64. Ao longo das seguintes gerações de consolas, tornou-se num dos títulos mais aguardados pelos fãs, que desejavam uma nova iteração com ainda mais personagens e outras novidades. Passados 15 anos desde o primeiro título, a série chega pela primeira vez ao mundo das consolas portáteis, estreando-se na Nintendo 3DS.

A série Super Smash Bros. (SSB) celebra os vários universos da Nintendo, no entanto já se expandiu o suficiente para abranger grandes personagens históricas do mundo dos videojogos, incluindo agora o veterano Sonic (personagem da SEGA que se estreou em Super Smash Bros. Brawl na Wii), e os novatos Mega Man (Capcom) e Pac-Man (Bandai Namco). A história do jogo é praticamente inexistente, mas o conceito da série partiu de um conjunto de action figures da Nintendo que ganhariam vida e, sob o comando da Mão Mestra, lutariam entre si. Os cenários de combate representam essencialmente alguns jogos de onde estes e outros personagens famosos surgiram, apelando por um lado à nostalgia dos fãs e, por outro lado, dando a conhecer outros títulos menos populares – a série Fire Emblem foi uma das que mais beneficiaram no Ocidente com o destaque dado em SSB.

   

Este novo título para a 3DS, desenvolvido ao mesmo tempo que a versão para a Wii U (com lançamento previsto para breve), contém os mesmos personagens jogáveis, mas uma seleção diferente de cenários de combate, assim como modos de jogo distintos dos que estarão disponíveis na versão doméstica. É notável o esforço em representar bem as diferentes séries da Nintendo, assim como o cuidado em criar cenários inspirados nos jogos para consolas portáteis, quando aplicável. Por exemplo, nos cenários de Pokémon, é possível jogar em locais inspirados nos jogos Pokémon Black/White e Pokémon X/Y, em vez dos típicos estádios que têm marcado presença noutras versões de SSB.

Logo de início, existem mais de 30 personagens disponíveis para jogar, desde os célebres heróis e vilões da série Super Mario aos personagens de Zelda, Fire Emblem e Pokémon, sem esquecer a franquia Kirby que é sempre bem representada em SSB, por ter o mesmo criador. No entanto, onde SSB brilha é na inclusão de combatentes inesperados, como a Instrutora do Wii Fit ou o brilhante Habitante (do Animal Crossing), por exemplo. De facto, mesmo na ausência de certos personagens já vistos em jogos anteriores, mas com muitos outros a estrear, este jogo tem a melhor e mais variada lista de personagens jogáveis alguma vez vista num videojogo.

   

Ao contrário do normal em jogos de luta, os personagens não possuem uma barra de energia, mas sim um contador de percentagem, que vai subindo conforme levam dano dos adversários. Quanto mais sobe a sua percentagem, mas fácil é serem arremessados para longe com um ataque, adicionalmente ao poder de arremesso dos diferentes ataques dos personagens. O objetivo do jogo é, então, subir a percentagem dos adversários e conseguir arremessá-los para fora do ecrã, contando assim como um "KO". É possível combater com tempo limite, contando no final os pontos com os KOs marcados e sofridos, ou então por vidas, onde cada personagem tem um número fixo de vidas e vence o último sobrevivente.

Em combate, as mecânicas resumem-se a ataques normais, que podem ou não ser carregados, e ataques especiais, que são os maiores diferenciadores dos personagens. Esta simplicidade faz com que o jogo seja acessível a qualquer pessoa, seja ou não um jogador experiente. Mas são as subtilezas que fazem deste um jogo onde é bastante difícil ficar-se um perito, desde conhecer bem todos os personagens aos pormenores dos seus ataques, aliando a capacidade de tomar decisões rapidamente. Movimentos como agarrar e desviar são essenciais para jogar contra os melhores, ou contra o CPU nas dificuldades mais intensas.


Um factor fundamental para a jogabilidade num título deste género é a sua fluidez, pelo que é extraordinário ver SSB a correr numa consola portátil a 60fps. Para este efeito, foram usadas algumas técnicas como baixar a taxa de refrescamento dos cenários e de outros elementos de jogo como os troféus e pokémon assistentes que surgem de itens. Este artefacto é mais perceptível quando se joga com o 3D ligado e em cenários de maiores dimensões ou combates onde muita coisa acontece ao mesmo tempo. Mas o realmente importante, a jogabilidade, nunca é afectada com os personagens jogáveis a funcionar sempre com a maior fluidez.

Ainda assim, pouco importaria a fluidez se o grafismo não tivesse à altura das expetativas e, também aqui, o jogo não desiludiu. Os gráficos são o que se pode esperar de uma versão mais moderna do Super Smash Bros. Brawl (Wii) e reduzida para o ecrã da 3DS. A baixa resolução da consola fazia temer que o jogo se tornasse imperceptível, mas o tamanho dos cenários e a definição dos personagens fazem com que seja tão fácil de jogar SSB numa portátil como na TV em jogos anteriores da série. Para ajudar, existe ainda um pequeno contorno (configurável) que permite distinguir melhor os personagens dos cenários e o efeito 3D da consola que lhes confere uma solidez adicional.

SSB na 3DS é um grande teste às capacidades da consola e mostra que esta quase não esteve à altura do desafio. A equipa de desenvolvimento espremeu ao máximo todo o sumo que a consola pode dar, desligando funcionalidades do sistema que não são essenciais ao jogo como o acesso ao navegador de internet ou o Miiverse. O carregamento inicial do jogo é superior ao habitual e, ao desligar e voltar ao menu Home, a consola é automaticamente reiniciada. Durante o jogo propriamente dito, a consola nunca demonstra qualquer sinal de fraqueza. É fácil de perceber, no entanto, que a Nintendo tenha optado por desenvolver um novo modelo da 3DS com maior capacidade de processamento (com lançamento previsto para o próximo ano no Ocidente). Caso para dizer que o Super Smash Bros. deu um valente "smash" à Nintendo 3DS!


A decisão de criar um SSB portátil, mesmo que tenha puxado a 3DS ao último dos seus limites, foi uma escolha triunfante. Embora a série se tenha popularizado com as sessões de jogo a 4 em frente à televisão, o seu formato é perfeitamente adequado a pequenas sessões de jogo que podem ser feitas em qualquer lado. Seja por simples diversão ou para tentar completar um qualquer desafio, poder jogar SSB nos transportes públicos, no café ou até numa longa fila de espera é, por si só, um motivo para comprar uma consola portátil. Mas ainda melhor é poder desafiar amigos em qualquer lado, desde que também tragam consigo o jogo, ou encontrar um hotspot Wi-Fi e desafiar jogadores de qualquer parte do mundo.

O modo multijogador online permite não só combates amigáveis contra os amigos da Nintendo 3DS, permitindo ver quem se encontra a jogar naquele momento e entrar em salas criadas por eles, mas também competir contra desconhecidos em dois modos "Por Diversão" e "Por Glória". Esta divisão retrata muito bem a dualidade entre a acessibilidade e a dificuldade de Smash Bros. Se, por um lado, muitos jogadores se divertem em jogar casualmente (SSB também pode ser visto como um party game), outros levam a porrada muito a sério e procuram um ambiente mais competitivo.  Desta forma, cada um pode jogar online no modo em que se sente mais confortável. Durante o período de análise, o jogo esteve apenas disponível no Japão, pelo que ao jogar com desconhecidos podia experimentar-se ocasionalmente algum lag. Por outro lado, ao jogar contra amigos europeus que também se encontravam a analisar o jogo, o lag foi imperceptível, o que deixa antever uma boa experiência de jogo online desde que haja uma boa ligação.

O multijogador local é bastante mais abrangente e, além do modo "smash", permite jogar com amigos em vários dos modos de jogo existentes, geralmente em modo competitivo para até 4 jogadores em simultâneo, mas com alguns deles em modo cooperativo para dois jogadores. O jogo terá ainda a possibilidade de se ligar à versão da Wii U, permitindo transferir os dados pessoais para o outro jogo e até utilizar a 3DS como comando, o que será ideal para quando se visitar um amigo que tenha o SSB na Wii U mas disponha de poucos comandos em casa.


Uma das aventuras deste título é explorar os seus menus. Embora sejam simples e normalmente auto-explicativos, têm um sistema que obriga a selecionar várias opções até se poder começar a jogar uma partida. É uma questão menor e que vai desvanecendo com a habituação, mas que é bastante notória quando os principais modos de jogo para um jogador estão dentro da opção "Extras" do menu inicial. Aqui encontram-se diversos modos como o Clássico ou o Lendas Smash, mas também alguns minijogos e ainda as coleções de troféus e músicas que se vai colecionando. A secção de troféus é um verdadeiro tesouro de modelos 3D com personagens e objetos de dezenas de jogos, sempre acompanhados de uma breve descrição para recordar ou descobrir pedaços da história dos videojogos.

Dos diversos modos incluidos no jogo, destaca-se a Aventura Smash. Este foi um modo criado exclusivamente para a versão 3DS do SSB e é particularmente recomendado para sessões multijogador. Aqui, os personagens são colocados numa arena gigantesca durante 5 minutos, onde terão de derrotar inimigos de várias séries de videojogos, abrir cofres do tesouro e enfrentar alguns desafios, de forma a obter melhorias de estatísticas como força, defesa, salto e velocidade, por exemplo. No final dos 5 minutos, é atribuído um desafio, que poderá ser um combate entre os jogadores, uma corrida ou uma competição para ver quem derrota mais inimigos num certo tempo. Nunca se sabe qual o desafio que irá surgir, pelo que é importante ao longo da aventura ir-se obtendo todos os tipos de melhorias, já que um personagem muito forte acaba por ser inútil num desafio onde ganha o mais rápido a chegar à meta. É um modo muito divertido e que tende a ser um dos mais jogados em grupo.

A personalização dos personagens é uma das maiores novidades que este título acrescenta à serie, introduzida com a integração dos personagens Mii no videojogo. É possível criar até 8 personagens e optar por um de três estilos de lutador para cada Mii, escolher a roupa e o capacete, definir quais os seus ataques especiais e ainda personalizar as suas características para dar mais foco no ataque, defesa ou velocidade. O mesmo acontece com todos os outros personagens jogáveis, com 3 variantes para cada um dos seus ataques especiais e ainda as mesmas alterações de estatísticas dos personagens Mii. É aqui que se abre um potencial enorme de tentar criar o personagem perfeito para cada jogador, uma funcionalidade opcional mas excelente para os jogadores mais dedicados.


O novo SSB para a 3DS é um título completamente recheado de conteúdo e funcionalidades. Embora tenha uma lista menor de músicas disponíveis em comparação com o título anterior para a Wii, por exemplo (facilmente explicável pelas limitações de espaço em cartão), permite ouvi-las em modo leitor de música com headphones e a consola em modo de descanso. A qualquer momento durante uma batalha, é possível pausar e entrar em modo fotografia para guardar um snapshot no cartão SD. Há ainda uma lista extensa de desafios para completar e todo um menu de estatísticas para constatar quais os personagens favoritos, quais os que sofreram mais KOs, etc. Curiosamente, até a disposição de alguns itens no menu dá a entender que existe margem para o jogo vir a receber algum tipo de conteúdos adicionais.

Talvez o maior receio de qualquer fã de SSB fosse que este título parecesse inferior aos jogos anteriores, mas tal não aconteceu. Super Smash Bros. para a Nintendo 3DS é um jogo fenomenal que consegue agradar a gregos e troianos, fácil de aprender e difícil de dominar por completo. Um equilíbrio perfeito entre ser um divertido party game e um jogo de porrada bem hardcore, que explora ao máximo todas as potencialidades da consola. SSB é o jogo perfeito para ficar na 3DS para sempre, seja em cartucho ou em formato digital, e para jogar em qualquer altura, seja por 5 minutos ou até se acabar a bateria. Obrigatório.

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