Steel Seed

O estúdio que nos trouxe o videojogo "Close to the Sun" tem em "Steel Seed" uma proposta diferente daquilo que tem desenvolvido até à data. Deixando de lado o terror e a aventura, a rapaziada da Storm in a Teacup virou a agulha para algo com mais acção, mais combate e com uma vibe geral completamente antagónica relativamente ao que fez no passado.

"Steel Seed" é um jogo de ação e aventura onde o pano de fundo é um mundo onde a humanidade está à beira da extinção. A protagonista chama-se Zoe e o seu companheiro é drone voador KOBY. Juntos investigam as profundezas de uma instalação subterrânea hostil em busca de respostas e da chave para a sobrevivência da humanidade.

O enredo de "Steel Seed" cativa inicialmente e até estabelece boas fundações para o mesmo. Deambulando entre a busca pela consciência do pai de Zoe e a salvação do mundo onde se encontra, por vezes um início simples acaba por fazer florescer uma bela história adicionando complexidade mais tarde, mas a verdade é que o enredo nunca foge muito da narrativa inicial proposta e parece perder fulgor à medida que as cerca de 12 horas que o jogo demora a terminar vão passando. Não ajuda o facto de as personagens serem pouco cativantes e a escrita das mesmas pouco interessante.

Desapontante foi também a decisão de não dar voz ao fiel companheiro da protagonista principal, o drone. Uma coisa é querer inserir uma espécie de "R2D2" para ocasionalmente ser um "comic relief" ou ter um momento mais impactante. Outra coisa é estar constantemente a assistir a diálogos, que, na verdade é são monólogos em que a Zoe fala e traduz tudo que ele comunica, torna-se desgastante, aborrecido e acima de tudo frustrante, porque nunca nada é de grande consequência.

Se em relação à história, não reza a história 😛, em relação à jogabilidade e ao combate as notícias também não são as melhores.

Vou fazer um quote daquilo que escrevi na minha análise ao jogo "South of Midnight" há uns tempos , pois este jogo sofre exatamente do mesmo mal;

Falando em combate... é provavelmente o aspeto menos conseguido deste jogo. Novamente, não quer dizer que seja mau, mas é tão igual em termos de movimentos, progressão ou animações a tantos outros que rapidamente se torna repetitivo (...)

Será uma praga que lentamente está a começar a assolar e a popular a indústria dos videojogos? Será do motor de jogo? É que ambos usam Unreal engine. Humm... Terá o mesmo módulo de combate ou algo assim do género? É bom que os desenvolvedores independentes comecem a abrir os horizontes porque senão rapidamente todos começam a fazer o "mesmo" jogo, mas com nomes diferentes. Seja como for, é claramente o elemento mais desinspirado deste pacote.

A mecânica da furtividade cumpre. Quer a nível de habilidades, quer a geometria do ambiente onde se passa esse tipo de ação, tudo está feito para haverem sempre opções ou rotas para podermos navegar sem nos verem. Os upgrades vão surgindo com naturalidade e foi por aqui que baseei a maior parte do meu gameplay, pois achei, apesar de tudo, mais gratificante que o combate.

A qualidade visual e gráfica de "Steel Seed" é muito boa e visualmente apelativa em termos do design. A construção de mundo é um dos pontos mais fortes do jogo, embora aqui e ali, falte um pouco de contexto para a existência de algumas coisas que o compõem.

Cheio de potencial, "Steel Seed" acaba por falhar de muitas maneiras e feitios. História enfadonha, combate sem ideias, ação furtiva com poucas opções e uma construção de mundo que em determinados momentos impressiona, mas apenas e só isso.

Seria um videojogo que, possivelmente, ganharia alguma tração por parte das massas há umas décadas atrás, que nos dias que correm apenas consegue permanecer na categoria do "mais do mesmo" e até aí, em determinados aspetos, fica um pouco aquém.

Não é de todo um mau jogo mas, a sua falta de sal é mal demasiado entranhado e um pouco mais de risco e introdução de novas ideias certamente traria maior destaque e aura a "Steel Seed".