20XX


Análise por Pedro M. Macedo

Após quase um ano do lançamento no Steam, 20XX chega agora às consolas. Considerado já desde a versão Alpha como o jogo que "Mighty No 9" devia (e bem podia) ter sido, o jogo independente da Batterystaple Games bebe da fonte dos incríveis MegaMan, mais precisamente da série X.

Trata-se assim de um jogo de plataformas 2D, onde o jogador usa as suas armas para derrotar os inimigos que se atravessam no seu caminho. Podemos jogar com duas personagens: Ace – cuja jogabilidade se assemelha a Zero, com o seu sabre; e Nina, similar a X, para ataques de maior distância. Existe ainda uma terceira personagem (Hawk) que é obtida com o término do jogo. Na versão PC era vendida em separado como DLC. Ao longo dos níveis podem ser recolhidos novos power-ups e upgrades para a personagem, tal como parafusos que são úteis para trocar por vida ou outras habilidades, quando necessário. No final de cada nível, depois da batalha contra um boss, existe a oportunidade de receber a sua arma ou fazer um upgrade.

De um modo geral, o jogo corre de uma forma fluída e com controlos bastante responsivos. Após alguns minutos começamos a familiarizar-nos com a jogabilidade, as diferentes habilidades, padrões dos inimigos e bosses. O único aspeto negativo quanto à jogabilidade é o pouco tempo de invencibilidade depois de sofrermos dano. Comparado a outros jogos que nos dão, no mínimo, 1 a 2 segundos para nos esquivarmos, aqui é bastante provável que os inimigos nos façam juggle, retirando poucos, mas preciosos, pontos de vida por um pequeno erro.


MAS... O jogo é mais um roguelike e, para quem não gostar deste género, pode ser um pouco dececionante e frustrante. Com isto entenda-se: não há forma de memorizar os níveis pois estes alteram sempre que jogamos: quer na sua estrutura, quer na ordem que aparecem; o jogador tem apenas uma barra de vida e, assim que esvazia, começa tudo do início; todos os upgrades e habilidades que são encontradas ao longo desses níveis desaparecem. Mesmo jogando no modo mais fácil, são-nos dadas 3 vidas, mas o conceito mantém-se. Ainda assim, notei que os níveis não variavam muito no modo "fácil": são mais lineares, as plataformas são dispostas com ligeiras alterações, o que acaba por ser o mais indicado para pessoas menos familiarizadas com o género.

Em cada nível, independentemente do grau de dificuldade, são recolhidas "células" que permitem comprar habilidades e upgrades permanentes: são os únicos itens que se mantêm após cada derrota. E é aqui que começa a rotina: o jogador atinge um determinado ponto no jogo em que é obrigado a morrer, melhora as habilidades, avança mais um pouco, a dificuldade aumenta, volta a morrer, melhorar e tentar. Isto até chegar ao oitavo e último nível e derrotar o último boss. Resumidamente, o jogador passará mais tempo a fazer grind a "células" para ter armamento minimamente suficiente e eficaz para a última batalha. Esta repetição pode demorar horas – dependendo da preferência e experiência do jogador; mas quando o armamento é adquirido, é possível terminar o jogo em 45 minutos - ou bem menos.


Para além do jogo principal, 2 desafios diários e semanais, no modo normal ou hardcore estão disponíveis desde o início na sala principal. Todos se passam na mesma estrutura dos níveis normais, mas diferem com desvantagens para o jogador como menos vida, maior dano por parte dos inimigos, algumas armas alteradas... Existe ainda um modo multijogador tanto local como em rede para nos aventurarmos acompanhados.

20XX já se encontra disponível para PC e consolas por 15,99€. Os jogadores PS4 recebem uma lista de troféus com platina que requer várias conclusões do jogo com algumas habilidades equipadas. Embora o grind seja possível no modo mais fácil, qualquer conclusão do jogo ou tarefa feita neste modo não desbloqueia qualquer troféu.


É sempre interessante jogarmos um nível diferente quando pegamos num bom jogo, mas o facto de sermos obrigados a morrer e fazer grind de melhorias pode não ser do agrado de muitos jogadores. Ainda assim, é uma excelente adaptação dos MegaMan X e não é por isso que os fãs não lhe devam dar uma oportunidade. Se a insegurança pelo roguelike é muita, aguardem por uma promoção.

Nota: Esta análise foi efetuada com base em código final do jogo para a PlayStation 4, gentilmente cedido pela Fire Hose Games

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