A.O.T. 2 (Attack on Titan)


Tal como muita gente por todos os cantos do mundo, sou enorme fã da série anime Attack on Titan, diria que é uma das melhores séries que pude assistir desde há muito tempo. Assisto a imensas séries nipónicas, sou verdadeiramente apaixonado pela animação japonesa e por isso mesmo Attack on Titan não me passou ao lado devido ao seu gigantesco sucesso. Agora chega-nos a todas as consolas domésticas a sequela do jogo de Attack on Titan, que fora lançado nas consolas PS4 e Xbox One, desta vez com direito também a uma versão Nintendo Switch, que tive o prazer de avaliar.

Conhecido na Europa como A.O.T. 2 (Attack on Titan 2), neste título temos dois modos distintos de jogo. Po,r enquanto vamos focar-nos no principal, que é inequivocamente o modo Story e conta com a primeira e segunda temporada da série, embora o lançamento da terceira já esteja prestes a chegar à TV japonesa.

Infelizmente não joguei o primeiro título, pelo que não sei se o modo Story era parecido, mas em Attack on Titan 2 jogamos com um protagonista criado de raíz por nós mesmos. O jogo inicia-se com uma cutscene toda ela passada na primeira pessoa (sempre que o nosso protagonista faça parte de uma, vamos assistir às cutscenes desta forma), ao qual nos dá imediatamente a entender que somos nós que estamos a assistir ao que nos rodeia. O primeiro contacto que temos com protagonistas da série são Armin e Jean. Assim que tomamos controlo do jogo em si, jogamos com o tal soldado misterioso que veste uma capa tal e qual à dos nossos heróis.


Para aqueles que ainda não seguem a série (a sério?), existem vários regimentos, cada um com um símbolo para identificar o regimento. O mais perigoso, Scout, é aquele ao qual nos vamos envolver após alguns a ocorrência de alguns eventos, onde todos acabam por se juntar para uma missão de alto risco. Os controlos que aprendemos nesta primeira parte do jogo são completamente básicos, como mover a personagem com o fantástico e brilhante ODM 3D Manuever - que serve precisamente para os soldados usarem lanças nas paredes/muros e balançar (tal como o homem aranha faz com as suas teias), usando como velocidade duas botijas de gás para acelerar os movimentos enquanto executamos as manobras loucas.

Esta parte inicial, onde aprendemos o básico, situa-se na parte final da primeira temporada da série. Quem assistiu certamente se lembra do confronto de Eren Jaeger (protagonista da série) com um outro Titã que não vou agora revelar para não criar spoilers. Assim que termina esta secção, assistimos a um resumo de como tudo começou, ou seja, aos eventos que despoletaram a raiva e o ódio de Eren contra os Titãs, onde a personagem que controlamos também se encontra exatamente no mesmo local, mais precisamente no distrito de Shiganshina onde decorrem os eventos do primeiro episódio da série.

Após a cutscene, damos os primeiros passos à criação da nossa personagem, onde podemos escolher entre homem ou mulher, e um modelo predefinido, escolhendo também a voz que queremos para a nossa personagem tal como o seu nome e sobrenome. Mas como já joguei umas horas, as ferramentas de criação não ficam por aqui, mais tarde vão ter uma sala onde podem adicionar acessórios famosos como o cachecol da Mikasa, o lenço característico do Levi e até uma pala para um olho, como alterar as cores dos olhos, cabelo e muito mais.


Embora seja um jogo ao estilo da série Warriors, aqui há mais estória do que em qualquer outro que eu tenha jogado. Nem em Hyrule Warriors, nem em One Piece: Pirate Warriors ou Fist of the North Star temos um modo história tão completo como este, que torna bem mais interessante a experiência. Existem diálogos entre as personagens onde por vezes nos fazem perguntas as quais temos de escolher com uma das 3 opções disponíveis. Na maior parte dos casos vão falar com as personagens do nosso regimento, o famoso 104th. Tendo pouca confiança inicialmente, a ideia é fortalecer os laços de amizade com eles. Assim sendo, nas questões colocadas por eles, devemos responder sempre de forma amigável para que a amizade fortaleça e o nível de afinidade suba entre os companheiros do regimento. Isto é deveras importante para que, nas batalhas contra os Titãs, os vossos aliados tenham mais confiança e sigam as vossas instruções.

Nas batalhas é possível recrutar não só os personagens da série como outros soldados na luta contra os gigantes. Existem momentos espetaculares como lutar juntamente com o famoso esquadrão de Elite onde o capitão é o carismático Levi. Quanto ao objetivo principal, já todos sabem, é fazer um corte profundo na nuca dos Titãs, esse é o golpe crítico e fatal. Alguns Titãs parecem múmias é verdade, mas como acontece na série, alguns dos Titãs, principalmente os chamados "anormais", são mais espertos, por isso a estratégia de combate a aplicar é totalmente diferente e não se pode apenas atacar sem planear com antecedência. Até porque um confronto direto pode ser fatal, caso estejam na mira de um Titã, pois ele vai perseguir-vos por um determinado tempo. Para evitar esses confrontos diretos, existe um ataque furtivo para apanhar o Titã desprevenido, o que é sempre aconselhável. De qualquer das formas podem sempre atacar de todos os flancos como Eren, mas se forem apanhados por um Titã, as coisas complicam-se e vão ter de premir repetidamente o botão para cortar os dedos ou pedir auxílio de um soldado recrutado para vos salvar. Os sinais de fumo também estão presentes, como na série, para dar sinal da existência de uma missão secundária, estas missões dão como recompensa itens para construções que façamos nas bases e até recrutarmos aliados para o combate.

Para além de andar dum lado para o outro com o gás que o ODM requer, é necessário estar atento quando este acabar e trocar de botijas, o mesmo acontece com as lâminas, após gastas, é preciso trocar e, acreditem que vão trocar imensas vezes. Semelhante ao que temos em outros jogos do mesmo género, temos bases, mas neste caso é preciso construí-las e elas servem não só para nos defendermos dos Titãs mas também reabastecer ambas as lâminas e o muito importante gás que utilizamos para as nossas acrobacias espetaculares com o ODM. A saúde também pode ser preenchida com frascos que estão disponíveis nas batalhas. Para além das lâminas, também temos ao nosso dispor uma pistola que quando disparada contra um inimigo, fará cegar o oponente por um determinado tempo.Com o avançar do jogo será possível até, capturar Titãs, mas têm de ser enfraquecidos cortando alguns membros, é imperativo lembrar que alguns extremamente fortes não vão ter facilidades em fazer a captura.


No fim de cada batalha somos atribuídos com um ranking e ganhamos experiência. Ao subir de nível, ganhamos habilidades novas e somos presenteados com recompensas pela eficiência e fundos para comprar equipamento para a nossa personagem. Algumas partes dos corpos de Titãs que cortamos com as nossas lâminas geram materiais extra para construir peças novas e acessórios para o nosso equipamento. Nas batalhas contra os Titãs nas quais participam os nossos aliados, também eles vão aumentando o nível de amizade. Para além de nos ajudarem no combate, cada um deles tem um atributo específico, uns são bons no ataque já outros usam a pistola para cegar o inimigo e assim sucessivamente.

Nos “intervalos” entre batalhas, temos acesso ao Daily Life ou se quiserem em português o Quotidiano. É aqui onde decorrem diálogos interessantes e aumentamos a afinidade entre os nossos aliados e também onde AOT2 se destaca quando comparado com os outros títulos da Omega Force. Não que o mapa seja grande, muito longe disso, mas podemos caminhar dentro das muralhas e interagir com as personagens da série. Além disso, temos as lojas onde compramos os acessórios para melhorar todo o nosso equipamento e como referido anteriormente, uma sala onde podemos trocar de roupa, adereços e até visitar outras áreas que vão sendo desbloqueadas enquanto progredimos no jogo. Temos também um diário onde podemos aceder ao glossário, resumo das batalhas e muito mais informação a respeito do jogo e da sua história caso estejam meio perdidos. Algo que os fãs vão gostar são os carregamentos do jogo, onde vão poder ler um resumo da história por detrás de cada personagem ou evento da série/manga.

Além do modo Story, em Attack on Titan 2 existe também o modo Another. Aqui vamos ter a possibilidade de jogar com as nossas personagens favoritas nos modos online, offline e até mesmo multiplayer local. Este modo consiste numa variedade de mapas carregados com Titãs para derrotar, é basicamente um modo de missões disponível para ser jogado com os nossos amigos ou a solo. Existe também um modo Gallery que, como o nome indica, é onde temos acesso a todos as cutscenes que desbloqueamos pelo modo Story, eventos sucedidos nesse mesmo modo, coleção das músicas (não as originais da série mas sim do jogo), equipamento obtido e um guia de todo o tipo de Titãs que vão surgindo no jogo.


Infelizmente, apesar da grande parte do fan service estar impecável, o jogo traz alguns problemas. Primeiro, o facto de ser um jogo ao estilo Warriors, faz com que muita gente não goste por causa da jogabilidade. Embora tenha a parte em que movemos a personagem livremente, e mesmo com todos os diálogos e equipamento possível de comprar ou fazer upgrade, não deixa de ser um jogo em que acabamos por fazer sempre o mesmo. Em segundo, temos as quebras de framerate quando há muita confusão, pelo menos nesta versão para a Nintendo Switch. Neste jogo, seria expectável que a confusão se instalasse e, assim sendo, vão ter muitas quebras de fluidez, o que pode influenciar bastante pois neste jogo é necessária eficácia para atingir na nuca dos Titãs e por vezes isto quebra o timing certo para os derrotar. Em terceiro, embora não tão crítico como os pontos anteriores, há que referir que, devido às licenças habituais, a banda sonora do anime está de fora. Apesar desta do jogo ser bastante boa, não chega sequer aos calcanhares da magnífica e soberba banda sonora que temos no anime da autoria de Hajime Isayama. Recordo também que o jogo da 3DS tinha de facto a banda sonora original e até partes do próprio anime, embora o jogo tivesse uma qualidade bastante inferior.

Apesar de tudo, o grafismo está bom, as personagens principais são perfeitamente identificáveis e o voice acting é o original japonês. O sangue espirra por todos os lados, até vemos a personagem coberta de sangue sempre que eliminamos um destes Titãs, mas caso sejam sensíveis a toda esta violência, têm a possibilidade de retirar o "gore" do jogo. Francamente, estamos a falar de Attack on Titan, estavam à espera do quê? O fan service está todo lá, as cenas do anime estão bastante bem recriadas e por isso vão poder reviver o brilhante Attack on Titan da primeira temporada até ao fim da segunda com muita emoção. Ainda assim continuo a gostar mais de assistir à série do que propriamente a versão videojogo, por isso apenas recomendo-o aos fãs da série/manga e àqueles que gostam dos jogos do estilo Warriors.

Nota: Esta análise foi efetuada com base em código final do jogo para a Nintendo Switch, gentilmente cedido pela Ecoplay.

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