Night in the Woods


Na maior parte das vezes os videojogos contam com aventuras explosivas, efeitos especiais incríveis e momentos de cortar o folego, mas nem sempre tem de ser assim. Uma aventura pode sempre ser uma simples aventura com mais emoções, sentimentos e principalmente alma, tal como acontece em Night in the Woods.

Nesta aventura em side scrolling jogamos com a nossa pequena e fofa protagonista Mae, que regressa à sua velha vila após uma má experiência na faculdade. Assim que dá por si a regressar ao seu lar, repara que pouco ou nada mudou. Embora a vila tenha sofrido pequenas transformações, as lojas e locais aos quais Mae passava o tempo com os seus fieis amigos mantêm-se intactos. E assim se inicia a nossa aventura ternurenta, cheia de complexos e questões que a vida tanto nos proporciona, parece que estamos a assistir a uma série onde tudo acontece de forma espontânea e realista, onde os amigos e a família são os nossos pilares.


A jogabilidade é bastante simples, correr dum lado para o outro explorando a vila, dialogando com as variadíssimas personagens existentes e interagir com vários objetos como tocar o baixo que a Mae tem no quarto, jogar no seu PC ou comprar refrigerantes nas máquinas de venda que encontramos nas ruas. O mais divertido é mesmo ler as conversas que temos com os amigos, uns mais tolos outros menos, cada um com o seu carácter e defeitos. Por vezes sentimos que estamos a conviver com amigos que temos na nossa própria vida, o que intensifica a experiência. Neste caso, o grupo de amigos da Mae tem uma banda, da qual ela anteriormente fazia parte tocando o seu instrumento de eleição, o baixo. Existem ensaios entre este grupo amigável onde cada um toca o seu instrumento e nós temos de tocar o nosso baixo tal como se de um jogo Guitar Hero tratasse, são momentos divertidos nos quais, conforme a nossa prestação nas músicas, a banda irá reagir no final se a prestação foi ou não positiva.

O humor também está forte neste jogo, tanto o leviano como o negro, algo que na minha opinião acaba por fazer parte de todos nós em certos momentos da nossa vida. Isso ajuda imenso a gostarmos mais da personagem X ou da Y, por nos identificarmos mais com uma que com outra. Cada dia em Possum Springs (nome da Vila) há algo novo para descobrir, conforme saímos de casa pela manhã falamos com a mãe da nossa protagonista, tal como ao regressarmos a casa temos uma pequena conversa com o pai de como correu o nosso dia, afinal de contas, os nossos pais preocupam-se sempre connosco.

O grafismo cartoonesco é belíssimo, as reações das personagens são uma comédia e Possum Spring é lindíssimo. Os cenários são variados, enquanto vagueamos pela vila é possível observar o movimento dos animais, pessoas nas suas conversas habituais entre si e as folhas que vão caindo das arvores lentamente. O design artístico é marcante e ficará gravado na vossa memória tal como na minha. Por falar em memória, sendo isto uma aventura gráfica com algumas interações, Mae tem na sua posse um diário no qual todos os dias anota os momentos diários mais divertidos, assim ficam com um registo de quem conheceram ou simplesmente o que fizeram.


O jogo representa perfeitamente o que é viver, o que sentimos e aquilo com que no nosso quotidiano passamos, bons e maus momentos fazem parte. Em Night in the Woods é possível sentir o desespero de uns, a alegria de outros e isso é fascinante. Mesmo quem habitualmente não tenha muito interesse em jogos deste género, irá certamente sentir uma ligação especial com o jogo e só vão querer parar de jogar quando terminarem Night in the Woods.

Nota: Esta análise foi efetuada com base em código final do jogo para a Nintendo Switch, gentilmente cedido pela Finji.

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