Langrisser Re:Incarnation -TENSEI-


É graças à Aksys que jogos como este Langrisser são traduzidos e vêem a luz do dia ocidental. As portas abrem-se a outros mais obscuros que acabam por serem lançados entre nós. Claro que isto tem tanto de bom como de mau, por cada jogo de qualidade, há por aí muita palha. Nem todos são vencedores, mas tudo bem, se as vendas permitirem trabalhar noutros de qualidade, fazemos esse sacrifício. Langrisser Re:Incarnation -Tensei- não é um desses vencedores. Não se deixem enganar pelo seu nome pseudo épico. Este, tal como o seu nome, é uma triste confusão. Dá pena, queria ter gostado do jogo, mas parece que não foi desta.

Uma pequena introdução: Langrisser é uma série antiga que data de 1991, marcou presença em várias consolas ao longo dos anos até terminar em 1998. Em 2016, surge esta reencarnação na 3DS. Uma adenda: fui investigar o nome, além da construção tola de reencarnação, "tensei" também pode significar reencarnação. Então, Langrisser Reencarnação Reencarnação é só dos piores títulos de sempre.

A história passa-se num mundo pseudo cyberpunk com alguns elementos de steampunk para ajudar à festa, afastando-se do estilo medieval que caracterizava as prequelas da série. Três facções lutam por poder: Luz, Imperiais e Escuridão. A Luz segue a religião da deusa Luciris. Procura aumentar o seu exército, na esperança de aguentarem até à chegada do escolhido que irá manejar a Langrisser. Os Imperiais voam em enormes airships, a maior conhecida por Ark e contam com um enorme poder bélico e tecnológico. Depois, a Escuridão que é bullied pelas outras duas facções e recebe os que não pertencem a lado nenhum. Alguns dos seus elementos possuem poderes e o seu líder é o Príncipe da Escuridão, Bozel. E nós, Ares Lovina, somos os escolhidos ou não havia jogo.


Quando carregamos o cartucho, criamos a nossa personagem através de umas perguntas e estas irão determinar a nossa classe e atributos: calhou-me mago, já agora. O enredo apesar de não ser bom, tem uns toques decentes que evitam a linearidade. Podemos optar por cada uma das facções mencionadas: ser bom, neutro ou vilão. Há razões para voltar ao jogo caso acabem por gostar. A jogabilidade que remete para jogos como Fire Emblem e Advance Wars também tem pinceladas refrescantes, como o facto de podermos recrutar mercenários e alistá-los a cada comandante (personagem principal ou secundária), dando origem a combates tácticos entre grupos e não apenas individuais. Também podem ser usados como escudos ou carne para canhão, mais a pender para esta última. Fora este detalhe, as batalhas são bem más. Do pior que já vi. Quando seleccionam uma personagem para atacar, em vez de olharem para um menu com estatísticas de combate ou para uma animação estilosa, somos presenteados com um desfile de cabeçudos de uma cidade do interior de Portugal que esbarram no meio do ecrã (chamam ao estilo chibis super deformados).

É tão triste que fico com vergonha alheia. O bom é que podem desactivar estas animações. E o resto é igualmente mau, a selecção de combatentes é lenta e atravancada e não sabemos quem é o próximo a atacar. Sempre que escolhia alguém, o jogo dizia-me que não era a sua vez. Ia lá por tentativa e erro. Atacar, andar, usar habilidades é uma tarefa árdua e aborrecida, os combates duram mais do que é necessário e não há uma sensação de recompensa como quando lutam em Fire Emblem. E já que falo neste, se tivesse de comparar diria que Langrisser é o Fire Emblem dos pobres ou daqueles que não conseguem esperar até ao Fates.


Não consigo recomendar este jogo de maneira alguma. Um jogo tão mau que desiste logo na primeira hora e que nos presenteia com personagens femininas tão poderosas que carregam as suas armas nas cuecas. A vergonha alheia estende-se a estes pormenores bastante cringy. A restante arte é estranha e demora-se a habituar, mas nada fora do vulgar do nicho de jogos anime. No final do dia, olhando para o que aí vem, é melhor pouparem o dinheiro e a vista para algo melhor. No entanto, muito importante, agradeçam à Aksys por ter trazido este jogo. Langrisser é apenas uma lomba nesta estrada de possíveis bons lançamentos. Há que ter esperança!
Nota: Esta análise foi efetuada com base em código final do jogo para a Nintendo 3DS, gentilmente cedido pela Aksys Games.

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