6180 The Moon


Quando em mil novecentos e troca o passo vi a Lua por um telescópio, quis imediatamente ser astronauta. O destino quis outra coisa e agora escrevo sobre jogos… e sobre a Lua.

6180 The Moon é um jogo interessante que faz tudo para nos prender, mas rapidamente lembramos que temos melhores coisas para fazer como, por exemplo, dobrar roupa e deixamos o jogo ligado só para ouvir aquela banda sonora que é só a melhor parte do jogo.

Um jogo de puzzles não precisa de um enredo, mas the moon fez questão de contextualizar o nosso percurso pelos vários níveis e a história é bastante simples: o Sol desapareceu e cabe à Lua, nós, encontrá-lo.

Se gostam de puzzles, então não há que enganar! Não há muito que possa dizer para vos demover, mas os meus dois cêntimos é que o jogo podia ter uma interface melhor. Eu sei que o atractivo desta versão é a interacção entre a televisão e o ecrã do Gamepad, mas se não tiverem os olhos trocados, vão ter depois de umas sessões de 6180 The Moon. As versões das outras consolas usavam apenas um ecrã para a interface do jogo e a coisa funcionava com uma área de jogo infinita, sem barreiras, onde a Lua percorria o ecrã sem noção de chão e tecto. Apenas tínhamos de nos desviar dos vários obstáculos e chegar ao final. Era simples, desafiante e intuitivo. Era um prazer. Na versão da Wii U, a mecânica é semelhante, mas agora usamos dois ecrãs e mais nem sempre é melhor.


Se por um lado temos de tirar o chapéu à criatividade e apoiamos a inovação, acredito que este jogo funcionasse melhor numa 3DS, uma vez que os ecrãs estão relativamente juntos. Com a distância entre o pequeno ecrã no sofá e o grande ecrã da televisão existe uma espécie de lag de atenção. Passo a explicar, começamos concentrados na televisão, atiramos a Lua ao ar e em vez de surgir por cima, vai aparecer no Gamepad. Funciona na teoria!, mas na prática enquanto estamos concentrados numa coisa, descolar de uma mapa para olharmos rapidamente para outro é um exercício de frustração porque vamos acabar por perder várias vezes. Com aquela sorte, se conseguirem ultrapassar este detalhe e chegar ao final, até é um boa sensação. Conseguiram e são bem melhores do que eu neste tipo de jogos. Infelizmente não temos a opção de jogar apenas num ecrã, enfim. Vão ter de se habituarem a olhar para dois ecrãs à velocidade da luz.

Não estou a falar mal do jogo nem acho a mecânica mal implementada, apenas acho que funcionaria melhor numa 3DS. Imaginem-se a jogar este jogo em qualquer lugar, nos transportes, embalados pela excelente e relaxante banda-sonora que remete para pérolas como Electroplankton. Para mim, este é um dos grandes pontos do jogo e consigo ouvir a banda-sonora sem ter vontade de jogar. O grafismo do jogo é outro ponto positivo com tons deveras espaciais que não incomodam nem atrapalham a experiência. É um estilo simples com poucas variações de tom, temos o negro da vastidão do espaço e a nossa Lua, branca. As restantes variações são os obstáculos para nos desviarmos, claro.


No geral, considero 6180 The Moon um bom jogo. É um puzzler honesto, não tenta ser outra coisa e não vos consome muito tempo. A história simples é apenas um pretexto para vos motivar na demanda, mas se não gostarem nada disso, deixem o jogo ligado enquanto vão à vossa vida e desfrutem da bela banda-sonora. Agora vou saber do meu antigo telescópio para ver se a Lua continua no mesmo sítio.
Nota: Esta análise foi efetuada com base em código final do jogo para a Wii U, gentilmente cedido pela Nintendo.

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