Space Hulk

Análise por André Pereira

Space Hulk tem uma longa história mesmo antes de ter sido lançado na Wii U. Estreou-se em 1989 como um jogo de tabuleiro e saltou para os jogos de vídeo em 1993, mas a nossa edição é mais recente: 2013. E é uma adaptação da versão para PC. Até chegar à nossa consola, saiu em quase todas as consolas, mas valeu a pena a espera? Vale a pena o preço que estão a pedir por ele quando temos outras versões com preços mais acessíveis? Eu digo que não, mas continuem comigo.

Antes de pegarem neste jogo, atentem na primeira linha desta análise. Há toda uma história e mundo de Warhammer 40,000 que remonta a 1987. Apesar de não ser necessário conhecer tudo a fundo, ajuda terem algum contexto. Ajuda se gostarem deste universo, caso contrário, irão cair de paraquedas e todos os detalhes de facções, soldados, inimigos e enredo irão passar-vos ao lado. Ah, e aquelas piadas privadas sobre heresia. Enfim, talvez nem seja assim tão mau. Se prestarem atenção à abertura, se lerem os textos e prestarem atenção à história deste jogo, Space Hulk até consegue ser acessível. No fundo resume-se a pouco: começar missão, matar os Genestealers (espécie inimiga) e teletransportar para fora, com algumas variações aos objectivos, mas o grosso do jogo é isto. O positivo é que até é curto, não mais que doze horas. Doze lentas horas enquanto avançamos por corredores de naves abandonadas.

   

Passemos à parte técnica de Space Hulk. Estas missões decorrem em corredores apertados que replicam o tabuleiro do jogo físico; conduzimos os space marines através de uma interface que começa confusa, mas que acaba por entranhar. Cada movimento consume AP (Ability Points); literalmente cada movimento, virar para o lado gasta um AP e como os controlos não respondem da melhor maneira, é bem possível virarem para o lado errado e perderem a vossa vez, ficam sem AP e não se podem defender, morrendo miseravelmente. Depois recomeçam o mapa – uma e outra vez até se fartarem. Às tantas não sabia se estava a lutar contra os Genestealers ou contra o jogo em si. As restantes acções variam consoante o ataque ou defesa e regeneram no próximo turno.

A informação no ecrã não é intrusa e uma vez que não existem muitos detalhes visuais, não perdemos nada. Temos os objectivos e a informação vital da nossa equipa como as acções e os pontos a consumir, o mapa é apresentado no Gamepad, mas podem alterar para uma visão de primeira pessoa dos space marines. Um detalhe giro que contribui para a atmosfera do jogo. Tirando isto, não poderão jogar no comando caso a televisão esteja ocupada, o que é uma pena. Como referi acima, o jogo é lento. Tanto a nível de reposta entre comandos como em movimentos (podem definir esta velocidade nas opções), mas se serve de desculpa, as personagens vestem pesados equipamentos metálicos, portanto...

A nível sonoro também não há variação, com temas ambientais e sombrios que complementam os corredores claustrofóbicos das naves abandonadas. Ainda assim podia haver um tema que variasse ou aliviasse a tensão, mas não. Dá a impressão que tudo é negro apenas por ser negro. Se tal é o objectivo do jogo, então conseguiram, mas cansa. Se apreciam jogos tácticos poderão gostar da mecânica; se são fãs de Warhammer, poderão gostar desta iteração, mas atentem que há melhores alternativas e com preços acessíveis. O preço que pedem para este jogo não compensa e se tiverem de o arranjar, esperem por uma promoção. É certo que a Wii U tem falta de apoio de terceiros no que toca a jogos maduros, mas a consola merecia bem melhor. Não esta alternativa atrasada e feita às três pancadas. Eis um jogo que podia espremer o Gamepad, usando-o como tabuleiro ou como menu para seleccionar as acções ou mesmo para apresentar estatísticas, ou outras informações. Sendo um jogo de ficção-científica, podiam darem-se ao luxo de inovar. O jogo podia variar, o cenário podia inovar, as missões podiam inovar, mas não. É preciso serem fãs se quiserem apreciam o jogo e se tiverem um amigo até pode ser divertido. A componente multi-jogador permite que uma pessoa controle os space marines enquanto a outra controla os Genestealers. Como analisei este jogo sozinho, não tive oportunidade de testar este modo, mas quão diferente será?


Para concluir e com medo de me repetir, não recomendo este jogo a jogadores casuais, apenas aos fãs do universo Warhammer. E mesmo estes estão melhor servidos noutro lado e só comprarão este jogo para apoiar a editora e para mostrar que o público da Nintendo quer jogos adultos, mas isto é uma lâmina de dois gumes porque estaremos a apoiar a indústria do desenrasca, os jogos atrasados e a falta de respeito para com os fãs da Nintendo que querem jogar algo diferente – e bom. E isso, sim, é uma heresia.
Nota: Esta análise foi efetuada com base em código final do jogo para a Wii U, gentilmente cedido pela Nintendo.

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